Aposte no ambiente
“Ao menos um a cada cinco estudantes no 3º ano do ensino
fundamental da escola pública não atinge níveis mínimos de alfabetização
em leitura, escrita e matemática. Esse número foi obtido com base nos dados da
ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização), divulgados nesta quinta (17) pelo
MEC (Ministério da Educação). A ANA é uma avaliação diagnóstica para o
Pnaic (Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa).”
O mais
impressionante deste tema que foi notícia nos meios de comunicação,
recentemente, é que não foram muitos que se indignaram com a situação. Parece
que estamos acostumados com esse cenário e isso é muito grave, pois estamos
falando do futuro das crianças e dos jovens brasileiros. Estamos falando do
nosso Brasil. Já passou da hora de considerarmos que problemas com a Educação
Pública diz respeito a quem dela se utiliza. Não. Numa nação todos são cidadãos
e todos precisam se sentir incomodados quando temas educacionais veem à tona.
Então, mãos à obra. Leia e opine.
Algo por demais
importante precisa ficar esclarecido porque se encontra nas entrelinhas do tema
em questão. É a questão do ambiente,
à estimulação que ele oferece às crianças e jovens. É sabido que mães e pais
que não dominam a leitura e a escrita ou que o fazem de maneira muito precária,
ficam impossibilitados de oferecer a seus filhos um ambiente estimulador para
os estudos. Não sabem como fazer isso ou não dão importância, pois viveram
sempre em circunstâncias nas quais o estudo foi algo distante para o qual não
tiveram acesso. O resultado é que temos muitos lares onde não há o mínimo de
estímulo para o estudo. Os pais não conseguem participar da vida escolar dos
filhos, quer ajudando-os, quer incitando-os, quer promovendo para eles um
ambiente de valoração da Escola. Vale o mote: não basta levar à escola; tem que
participar.
O mote vale
também aos pais que apesar de terem recebido educação formal, creem,
erroneamente, que basta pagar a escola para os filhos que eles têm a obrigação
de estudar. Mesmo que se considere que educar significa ensinar
responsabilidades aos filhos, não é de bom princípio pensar em Educação formal como obrigação, mas sim
como formação para a vida. Essa
visão modifica muitas atitudes e vale para pais e filhos. É algo a ser
praticado, refletido, levado a sério, compartilhado.
O ambiente faz
muita diferença na vida de quem estuda. Se
você é mãe ou pai que não pode estudar, que tal expor essa situação aos
seus filhos e expressar seus sentimentos com relação a isso? Como isso afetou
seu futuro, suas possibilidades, suas chances de crescer na sociedade? Como
isso interferiu nos seus sonhos? Vamos ver o que não depende de se ter estudo
ou não em relação à Educação formal dos filhos:
Estabelecer horários para o estudo, para que reforcem o que foi aprendido na escola.
Estabelecer horários para o estudo, para que reforcem o que foi aprendido na escola.
Ter sempre em casa livros de leitura e pedir aos filhos que leiam em voz alta e mostrar muito interesse pelo que é lido.
Levar os filhos à biblioteca do bairro, credenciando-os para que a utilizem pelo menos uma vez na semana, mas se forem mais vezes, melhor para eles.
Levar os filhos para participarem das atividades que acontecem na Biblioteca. Sempre há contadores de histórias, comemorações de datas festivas e cívicas.
Arrumar os livros em casa com esmero, num local especial para que os filhos observem como são importantes para a vida.
Mostrar interesse pelo que aprenderam na escola.
Incentivar a fazer perguntas na sala de aula.
Tais atitudes e
outras que se relacionam com essas podem também serem praticadas pelos pais que
estudaram e têm formação em alguma área, porque o ambiente estimulador em casa
faz muita diferença. Então, aposte no
ambiente. E lembre-se de que ter tudo às mãos parece muito bom, mas somente
terá sentido se for acompanhado de diálogo, princípios, atenção e cuidados.
Eu quero desaprender para aprender de novo.
Raspar as tintas com que me pintaram.
Desencaixotar emoções, recuperar sentidos.
Raspar as tintas com que me pintaram.
Desencaixotar emoções, recuperar sentidos.
Rubem Alves
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O ócio necessário
Muitas pessoas
tiveram em sua infância tempo livre para brincar, rotineiramente. Momentos
marcantes que remetem a lembranças, brincadeiras, brinquedos, amigos, bem como
à identidade enquanto crianças.
Em
contrapartida, atualmente grande parte das crianças têm muitas atividades
planejadas em tempo determinado no dia-a-dia. A rotina cheia de afazeres não
lhes permite um vagar de ideias e pensamentos, condição importante que leva a
um encontro da criança com ela própria e facilita a compreensão do meio onde
vive. A mudança de uma atividade dirigida para outra também dirigida, numa
dinâmica constante, gera ansiedade, nervosismo, falta de concentração.
Crianças
necessitam elaborar o mundo em que vivem e esse trabalho mental ocorre por meio
das brincadeiras espontâneas, do faz de conta. O falar sozinho, a conversa com
os brinquedos, as imitações do mundo adulto, são algumas manifestações
necessárias ao desenvolvimento emocional e social da criança. A brincadeira
espontânea, livre da interferência de monitores, recreacionistas e mesmo dos
pais, leva a criança a divagar. É na divagação que as situações que ela
necessita refazer vêm à tona para adquirirem significado, para se acomodarem em
sua mente.
Crianças costumam repetir as mesmas brincadeiras, falas, querem assistir
às mesmas animações, filmes, querem que leiam para elas as mesmas histórias, os
mesmos contos, costumam fazer as mesmas perguntas. Essa constante repetição é
um refazer de pensamentos, necessário. O trabalho mental de compreensão do
mundo que as cerca, ocorre repetidamente até que seja incorporado gradualmente
no seu modo de viver, de alguma maneira. Ou até que outros interesses tomem
lugar de importância.
Saber
respeitar os momentos de divagação da criança a ajuda a se desenvolver.
Sempre é bom
lembrar que para esses momentos livres não é necessário se preocupar com
brinquedos; a criança cria seus próprios brinquedos quando assim deseja, quando
está livre para isso.
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Não deixe que os outros eduquem seu filho
Diz o dito
popular que onde há fumaça há fogo. Paremos então para refletir sobre quais são
as causas dos comportamentos inadequados que ocorrem presentemente entre os
jovens.
1º) Você sabe o que seu filho(a) faz no
tempo livre durante a semana?
O período fora
da escola deve ser preenchido com a revisão e aprimoramento do que foi estudado
em classe. Cumprir as tarefas escolares é fundamental e aprofundar os conhecimentos
adquiridos faz a diferença. Se a escola não pede pesquisa, os pais podem e
devem fazê-lo. Incentivar o conhecimento é atitude essencial no lar; promove o
diálogo; aproxima pais e filhos; todos saem ganhando ¾ o conhecimento só
engrandece. O computador é instrumento
válido para pesquisa; não pode e não deve ser utilizado somente para jogos e
comunicação nas redes sociais. Mas, não se iluda com o computador, pois ele não
é salva-vidas. Ter uma estante em casa carregadinha de livros é atitude certeira.
2º) Você sabe que músicas seu filho(a)
aprecia? Que tipo de dança?
Sabemos que
jovem ir à balada sozinho hoje, é atitude considerada normal para muitos pais.
Confundida com autonomia, essa liberdade não resulta em boas consequências. É
preciso se conhecer o ambiente onde acontecem as baladas, o que é incentivado
nelas, que pessoas as frequentam, que dizem as letras das músicas,
verdadeiramente. Portanto, acompanhar seu filho(a) até a balada não é atitude
careta, é atitude de cuidado. Cuidar é acolher, socorrer, prevenir,
interessar-se.
3º) Como seu filho(a) se veste ao encontrar amigos para sair?
Para os jovens é muito importante diferenciar-se. É recomendável tolerância nesse quesito ¾ mas não queira vestir-se como ele/ela; isso só o/a afasta de você, além de ser ridículo ¾ Contudo, observar os excessos é papel dos pais. Quem mais, além destes, pode dizer ao garoto ou à garota que sua vestimenta está passando dos limites toleráveis na sociedade? Em especial, às garotas, é preciso que se imponha um limite quanto à exposição exagerada do corpo. Mostrar em demasia o corpo torna a mulher um objeto e objetos podem ser levados pelas pessoas. Desde bem cedo é preciso ensinar aos filhos os cuidados com próprio corpo, bem como o real significado social da exposição exagerada dele. Neste tocante, os pais não podem deixar de falar com os filhos sobre a prevenção quanto às DSTs, pois o número de infectados por HIV, vem aumentando, apesar de tantas informações na mídia. E, jovens garotas estão engravidando mais e mais cedo. É preciso mais dados para que os pais se convençam de que o papel que exercem (de pais) é de suma importância na vida de seus filhos? É preciso mais provas para que se conclua que os limites no lar devem ser estabelecidos?
4º) Você conhece os pais dos amigos do seu filho(a)?
Há jovens que iniciaram o uso do álcool bem cedo porque antes de irem à balada, passavam na casa do amiguinho cujo pai servia uma bebida alcoólica e assim, se acostumaram a beber ¾ De quem é a culpa? Do pai que servia a bebida ou daquele que desconhecia como era o lar em que deixava seu filho(a)? ¾ Novamente, teremos de falar do cuidar. Cuidar é proteger. Por que não bater papo com aqueles pais cujo filho(a) o seu/sua tanto gosta? Dá até para ampliar o rol de amizades, caso tudo esteja de acordo com o tipo de Educação que você pratica no lar.
5º) Você acompanha o conhecimento que seu filho(a) obtém na escola?
Não me diga que você é daqueles pais que vão à escola só para criticar... Escolas existem para ensinar o conhecimento acumulado na sociedade e para incentivar a pesquisa, os novos conhecimentos. Quer ensinar Literatura? E Gramática? Geometria?... pois é, cada um no seu lugar. O papel da escola não é ensinar seu filho(a) a ter bons modos, falar obrigado, desculpe e por favor, nem a prestar atenção quando os outros estão falando; isso é você que deve ensinar. Acompanhar o conhecimento do seu filho não é perguntar “O que você estudou hoje?” É muito mais do que isso. É discutir o mundo! Aí você descobre o que seu filho(a) está aprendendo e o que deveria estar. Se não estiver a contento, cobre dele (seu filho/a), pois ele está indo à escola diariamente. Ele deve buscar o conhecimento. Além do mais, conversar, aprender, trocar experiências, é o que nos move.
Para finalizar, só posso dizer que educar é cuidar, e quando os pais exercem seu papel (de pais), a vida em sociedade se torna civilizada e prazerosa. E não posso deixar de dizer que educar, realiza os que educam. Uma realização sentida na alma, quieta, tranquila, permanente.
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“Menina adolescente que vai às baladas e beija todos... (não é legal)”
Toda sociedade determina condutas, valoriza algumas, despreza outras. Essa dinâmica muitas vezes atinge homens e mulheres, apontando o que se espera de cada um. O desempenho de papeis não foi inventado pela contemporaneidade; pelo contrário, trata-se de costume secular. Com o passar dos tempos, vários comportamentos exclusivamente masculinos ou exclusivamente femininos, se modificam atendendo aos anseios da coletividade.
Num programa de televisão uma das debatentes do assunto balada, afirmava que se os homens beijam todas, as mulheres também têm esse direito.
Essa afirmação, não me levou a pensar sobre os direitos dos homens e das mulheres na sociedade. Fiquei a pensar no significado do beijo.
Então, proponho refletirmos sobre a conjuntura do beijo nas baladas e para essa reflexão pensaremos em meninos e meninas, sem julgamento excludente.
O beijo é algo assim tão banal, ao ponto de se sair por aí roçando a boca dos que estiverem ao redor?
O beijo é assim tão corriqueiro que substitui o olhar interessado, cheio de significados?
O beijo pode ser usado (usado, mesmo) desprovido de afeição?
Ao invés de se lutar pelo “direito” de se beijar qualquer boca, proponho lutar-se pela valorização das relações de afeição e de amor nas quais o beijo tem representação especial. Esta é uma luta que se aprende no lar.
A estima deve ser vivenciada desde o nascimento e engrandecida com o desenvolvimento para que os jovens se tornem pessoas que se importam com o sentido da vida. O beijo então poderá aplacar aflições e acalentar corações, direito de meninos e meninas.
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Quem educa a criança e o jovem?
Desde o nascimento, o bebê já aprende, e com o crescimento e o advento das etapas do desenvolvimento, a criança vai construindo seu espaço, em consonância com aqueles que a educam.
No início, são os pais e as pessoas que estiverem envolvidas nesse processo. Em pouco tempo esse rol social se expande e a criança se vê rodeada de pessoas desconhecidas, ao ingressar na escolinha. Que grande momento na vida dela! Novas personagens passam a fazer parte da sua educação e esse circuito escolar será contínuo durante muito tempo. Rapidamente também, a criança de vê influenciada pelos estímulos da sociedade.
Tudo e todos que estão ao redor da criança e do jovem em sua vida, o educam, o influenciam. São também influenciados por eles, visto que os seres humanos constroem seu modo de vida em conjunto.
O crescimento é acompanhado do incremento das estruturas mentais que dão espaço para que os mecanismos da aprendizagem sejam preparados, desde cedo.
Aprender faz parte do desenvolvimento e é interessante que essa função seja respeitada em suas etapas, em cada um.
Problemas de aprendizagem podem ocorrer devido ao excesso ou à ausência de estimulação do ambiente, o que implica num descompasso no ritmo de aprender. Fatores internos também podem provocar uma aprendizagem diferenciada, como por exemplo, os causadores de doenças.
Problemas de aprendizagem podem ocorrer devido ao excesso ou à ausência de estimulação do ambiente, o que implica num descompasso no ritmo de aprender. Fatores internos também podem provocar uma aprendizagem diferenciada, como por exemplo, os causadores de doenças.
Contudo, sendo a dinâmica do aprender uma função que permanece para sempre em nossa vida, pode-se recorrer a recursos especializados para que o ritmo da aprendizagem seja recuperado.
Há espaço para a reorganização do conhecimento, continuamente - o prazer de aprender, sempre pode ser retomado.
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A inter-relação: pessoa e ambiente
... problemas de aprendizagem podem acontecer muito antes de a criança adentrar a escola...
Crianças e jovens e o meio ambiente não são elementos que atuam independentemente, mas sim, se organizam de maneira particular, sendo que a criança e o jovem influenciam o meio onde vivem e são influenciados por ele. Se pensarmos na aprendizagem, veremos, então, que esse processo ocorre sempre num meio de relações humanas e de relações com os estímulos do ambiente.
Se no meio ambiente a estimulação não é adequada, fazendo com que a criança ou o jovem sejam passivos demais ou ativos demais, ou se o ritmo para que os conhecimentos sejam interiorizados não é respeitado, havendo muita velocidade nas informações, podem ocorrer problemas de aprendizagem. Vale destacar que problemas de aprendizagem podem acontecer muito antes de a criança adentrar a escola, apesar de que é na instituição escolar que as dificuldades ficam mais evidenciadas, devido ao modo como o ensino é organizado, com grades curriculares, horários, provas de avaliação etc.
Assim, o meio ambiente, domiciliar ou escolar, deve cumprir o papel de oferecer as possibilidades reais quanto à quantidade e qualidade dos estímulos. Pode-se ir além, neste espaço de aprendizagem e se considerar as características do bairro, com seus espaços de lazer e cultura. Neste campo, é interessante destacar a importância dos canais de comunicação, como jornais, rádios, televisão, Internet, como elementos que influenciam na dinâmica da aprendizagem.
É igualmente importante refletir sobre como o meio ambiente está influenciando os valores escolhidos pela família.
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